O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das observações da criança, entrevistas com
os pais e aplicação de instrumentos específicos. Instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil
são sensíveis para detecção de alterações sugestivas de TEA, devendo ser devidamente aplicados durante
as consultas de puericultura na Atenção Primária à Saúde.
O relato/queixa da família acerca de alterações no desenvolvimento ou comportamento da criança tem
correlação positiva com confirmação diagnóstica posterior, por isso, valorizar o relato/queixa da
família é fundamental durante o atendimento da criança. Manifestações agudas podem ocorrer e,
frequentemente, o que conseguimos observar são sintomas de agitação e/ou agressividade, podendo
haver auto ou heteroagressividade. Estas manifestações ocorrem por diversos motivos, como
dificuldade em comunicar algo que gostaria, alguma dor, algum incômodo sensorial, entre outros.
Nestes momentos é fundamental tentar compreender o motivo dos comportamentos que estamos observando, para
então propor estratégias que possam ser efetivas. Dentre os procedimentos possíveis temos: estratégias
comportamentais de mod ificação do comportamento, uso de comunicação suplementar e/ou alternativa como
apoio para compreensão/expressão, estratégias sensoriais, e também procedimentos mais invasivos, como
contenção física e mecânica, medicações e, em algumas situações, intervenções em unidades de
urgência/emergência.
Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por
desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social,
padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de
interesses e atividades.
Sinais de alerta no neurodesenvolvimento da criança podem ser percebidos nos primeiros meses de vida,
sendo o diagnóstico estabelecido por volta dos 2 a 3 anos de idade. A prevalência é maior no sexo
masculino.
A identificação de atrasos no desenvolvimento, o diagnóstico oportuno de TEA e encaminhamento para
intervenções comportamentais e apoio educacional na idade mais precoce possível, pode levar a melhores
resultados a longo prazo, considerando a neuroplasticidade cerebral.
Ressalta-se que o tratamento oportuno com estimulação precoce deve ser preconizado em qualquer caso de
suspeita de TEA ou desenvolvimento atípico da criança, independentemente de confirmação diagnóstica.
A etiologia do transtorno do espectro autista ainda permanece desconhecida. Evidências científicas
apontam que não há uma causa única, mas sim a interação de fatores genéticos e ambientais. A interação
entre esses fatores parece estar relacionada ao TEA, porém é importante ressaltar que “risco aumentado”
não é o mesmo que causa fatores de risco ambientais. Os fatores ambientais podem aumentar ou diminuir o
risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas. Embora nenhum destes fatores pareça ter forte
correlação com aumento e/ou diminuição dos riscos, a exposição a agentes químicos, deficiência de
vitamina D e ácido fólico, uso de substâncias (como ácido valpróico) durante a gestação, prematuridade
(com idade gestacional abaixo de 35 semanas), baixo peso ao nascer (< 2.500 g), gestações múltiplas,
infecção materna durante a gravidez e idade parental avançada são considerados fatores contribuintes
para o desenvolvimento do TEA.